quarta-feira, 15 de julho de 2009

Uma Noite No Hospital...

Esqueça todos os filmes e seriados que você já viu a respeito de hospitais norte-americanos. Esqueça experiências passadas e esqueça, principalmente, dos médicos. Seja o médico bonzinho que escuta o paciente, seja o ranzinza que não faz questão alguma de ser gentil enquanto elabora um diagnóstico diferencial.

Esqueça os quartos iluminados, ventilados, limpos, esqueça a equipe multidisciplinar, esqueça o silêncio sepulcral. Esqueça, ainda, qualquer mordomia. Esqueça uma estação de enfermaria com enfermeiros prontos para qualquer emergência. Esqueça aparelhos sofisticados medindo a pressão, os batimentos cardíacos, enfim... Esqueça!

Troque tudo isso por um quarto meio escuro e (horror dos horrores) meio sujo. Na cama, meu namorado recém operado. Abaixo da janela (juro) um barulho ensurdecedor de alguma máquina hospitalar que ligava e desligava a cada poucos minutos. A TV (minúscula) não tinha controle (e o paciente recém operado faz como, me pergunto? anda até ela??) e em lugar algum encontramos um botão para ligar na enfermaria. As paredes pareciam ser divididas por gesso, tamanho o barulho que ouvíamos dos quartos ao lado.

Os poucos funcionários que víamos trabalhavam demais e, pelo visto, ganhavam de menos. Um enfermeiro só para dois andares durante a noite (calculo, 40 quartos) e não mais do que dois auxiliares para qualquer outra coisa.

Aliás, esquecimento foi a palavra de ontem. Primeiro, esqueceram de anotar direito o horário da cirurgia, que era às 7h. Com isso, ele foi operado só às 9h30. Depois foi para a sala de recuperação e, após acordar da anestesia, esqueceram de levá-lo para o quarto. Depois esqueceram da janta. Horas depois, da ceia. Suspeitei, em dado momento, que a agulha do soro tinha soltado. Liguei na enfermaria. Era troca de turno. Depois alguém passaria lá. Esqueceram novamente.

Pedi lençol. Esqueceram. A jarra de água levaram e esqueceram de trazer de volta. Pasta de dente não tinha. Sabonete e toalha, levamos de casa. Assim como roupa de cama para mim (que dormi num sofá-cama que não quero nem lembrar da sujeira que estava). De repente entendi a neura do meu pai de levar lysoform sempre que vai passar uma noite fora de casa.

Médico, se tinha, eu não vi. Nenhum. Nem de passagem. Nem perdido. Aliás, meu namorado também não viu. Aliás, ele acha que viu antes da cirurgia...

Ah, não precisa falar que também não tinha internet, né?

E isso foi hospital particular. Tenho até medo de pensar em que situação estão os hospitais públicos do país...

Um comentário:

Lu Monte disse...

Descrição do inferno...

(Mas vê se não vai carregar lysoform na bolsa!)