domingo, 12 de agosto de 2012

Se eu pudesse...


Se eu pudesse tocá-lo agora
Com a ponta dos meus dedos
Sentir o seu rosto
Perto do meu...

Se pudesse acariciar seu corpo
Com meus lábios em fogo
Eu seria só sua
E você, só meu.
Querida, Amada, Linda Niemi

Não acredito que você partiu. Assim, de repente. Ainda espero encontrá-la no twitter, no gtalk. Tanta coisa gostaria de lhe contar. Como gostaria de ouvir a sua voz.

O tempo não foi suficiente. O tempo não permitiu. E o tempo não volta. 

Quero ver o seu sorriso, gostaria de vê-la feliz e curada. Esperava e rezava por isso. Eu que pouco rezo e quase nada peço a Deus, ao Universo, ao Cosmos. 

Eu quero mais tempo. Tempo para segurar sua mão e dizer que tudo passará. 

Mas a vida aconteceu, a morte, tão temida, veio antes do que eu gostaria. 

Você não está mais aqui. 

Queria que alguém me dissesse que é mentira. Que hoje é primeiro de abril e eu não sei. Gostaria que o mundo parasse para que eu pudesse ter tempo de sofrer sua perda. 

Não. Não posso acreditar que você partiu. 

As lágrimas fluem livremente. Tudo mudou. Sua passagem por aqui mudou a mim. Conhecê-la, ainda que virtualmente, foi uma dádiva. 

Pessoas como você não deveriam partir. Deveriam eternamente iluminar o mundo com esse brilho lindo que você possuía. 

O mundo me parece estranho agora, distorcido. Uma parte de mim partiu e foi levada contigo. 

Restou apenas a esperança de, algum dia, nos reencontrarmos. 

Meu coração está partido. A vida nunca mais será a mesma. 

I love you, my dear.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Carta Aberta à Viviane Yamabuchi, Flavio Jesus e Mauricio de Sousa



Como milhões de crianças, comecei a ler por causa dos gibis da Turma da Mônica. Isso em 1983-1984. Não tinha completado 5 anos quando fui "forçada" a aprender a ler, já que os adultos da minha casa estavam cansados de ler e reler para mim as mesmas estórias. Aparentemente "de novo" era uma das minhas expressões favoritas. 

Então eram os gibis e uma coleção de livros chamada "Joinha". Acho que nem existe mais. Mas a Turma da Mônica, sim. 

Ainda nova lembro de ter visto a Mônica (da fantasia) no shopping. Acho que ganhei um abraço do Cascão. Não sei se minha mãe se lembra disso. Foi em algum shopping, nem sei em qual cidade. Por algum motivo, acho que foi numa visita a Belo Horizonte, mas não tenho certeza. 

O fato é que os anos foram passando, meu gosto pela leitura foi crescendo, bem como a lista de escritores prediletos. 

Os gibis me acompanharam por toda a minha existência. Foram uma das poucas constantes numa vida cheia de mudanças. 

Aprendi a admirar o Mauricio de Sousa por qualidades que nada tinham a ver com seu poder de cativar crianças e plantar nelas o prazer da leitura. Comecei a admirá-lo como ser humano. Como uma pessoa que dá valor à família, à amizade, ao amor, à paz. E comecei a cativar um desejo imensurável de conhecê-lo. De falar isso. 

Num mundo como hoje, é difícil ver alguém dando valor a coisas que não se pode comprar. Não se coloca um preço num amigo. 

Ainda adolescente, recebia aqueles questionários que, dentre outras coisas, perguntavam quem você gostaria de poder conhecer (vivo ou morto). Minha resposta-padrão era, que coisa, Mauricio de Sousa. 

Sonhava em conhecer o Estúdio. Sonhava em ganhar um autógrafo. Não ousava sonhar nada mais.

Não sonhava, de forma alguma, em ganhar um abraço. Ou em ouvir sua voz falando o meu nome. Ou em ver, em seus olhos, que reconhecia o meu rosto. Aquele olhar de "eu sei que já te vi antes..."

Nada disso. Afinal de contas, o Mauricio mora em São Paulo. Eu moro em Brasília. São 1000 km de distância, mas poderia ser um oceano, um século, uma vida. Imagina que eu, uma reles mortal, iria ter algum tipo de contato com ele?

Em 2006, depois de muitos sonhos realizados e alguns pesadelos vividos, conheci no quase extinto Orkut o Flávio Jesus que, numa conversa pelo MSN começou a me estimular a ir ao Orkontro no Parque. A data era no início de novembro, feriado de Finados. 

Tive medo. Muito medo. Medo de estar tão perto e não poder falar com o meu ídolo. Medo de sofrer uma decepção. Medo de, a bem da verdade, sofrer. Por qualquer motivo que fosse. 

Mas o Flávio estaria lá. E ele já era meu amigo. E ele trabalhava com o Mauricio. E, bem, se tudo desse errado, já teria conhecido alguém da MSP. Alguém que escrevia histórias. Alguém que alimentava os gibis que eu tanto amo com roteiros maravilhosos. O que mais eu poderia pedir, certo?

Peguei um avião, marquei um hotel barato e fui. Com a cara e a coragem. Minha mãe não acreditou. Aliás, ela nem acreditou que o Flávio, da internet, fosse mesmo um roteirista da MSP. 

O que dizer? Ela é mais cética do que eu.

O que aconteceu lá foi além de qualquer expectativa. Ganhei autógrafo do próprio Maurício, além de todos os roteiristas que estavam lá, desenhistas, arte-finalistas, enfim... Com quase 30 anos fui criança. Tietei. Tirei foto. Não sei como não chorei. 

Acho que fiquei forte com o passar dos anos.

Só sei que virei personagem! 

Reencontrei o Mauricio, o Flavio... Reencontrei amigos que fiz na época do Orkontro. Fiz novas amizades, sofri novas decepções.

Os anos foram se passando e os gibis continuando uma constante. Assim como o  meu amor, carinho, admiração pela família MSP. 

Conheci o Estúdio com a minha mãe. Mais fotos. O Mauricio não estava lá. Conheci o impagável Sidney Gusman. Vi o processo de produção dos gibis. Mais autógrafos. 

Veio a era do twitter. Além de manter as amizades que fui fazendo ao longo do caminho, conheci a Viviane Yamabuchi. Trocamos mensagens, telefonemas, emails. Fiz mais amizades com pessoas que se tornaram queridas demais (é de você que estou falando, também, Ju!!). 

Num mundo de morais, costumes e crenças duvidosas, num mundo em que todos buscam "levar a melhor", as histórias da Turma da Mônica serviram como um parente, um pai presente, um amigo, um irmão, me guiando por um caminho, acredito, mais correto, mais justo, mais humano. 

E hoje ganhei um presente. Não é meu aniversário, nem é uma data especial. É apenas uma quarta-feira, como tantas outras que já vivi. Mas incomparável por algo que aconteceu. 

Para fazer um agrado, uma gracinha, liguei para a Viviane Yamabuchi, que ainda estava no trabalho. Conversamos sobre amenidades, trocamos ideias. Eu estava saindo do Lago Sul, bairro em Brasília, depois de ter lanchado com uma amiga, e no telefone com a Vivi. Quando estava atravessando a Ponte Costa e Silva, ela me pede um momento e coloca o Mauricio no telefone. 

É. O próprio. O meu ídolo de infância. Aquele, que eu já tinha conhecido, abraçado, tietado, mas que continua sendo ídolo. Continua sendo uma pessoa que eu admiro. 

Engasguei. Suei. Quase bati o carro (tudo errado, falar no celular quando se está ao volante). Assim que saí da ponte parei o carro, liguei o pisca-alerta e falei com o Mauricio. Nem sei o que eu falei, na verdade. Tremia como vara verde, achei que fosse desmaiar, morrer no acostamento, ter um ataque. Sei que ele me convidou a visitar São Paulo, o Estúdio, enfim. 

Eu, que estava vivendo uma quarta-feira como tantas outras, fui tentar surpreender e acabei surpreendida. 

Em julho vou conhecer a Vivi pessoalmente. Vamos comemorar o aniversário dela e não sei o que lhe dar. Ela falou em algo feito por mim, pelas minhas próprias mãos. 

Eu não tenho habilidade manual. A última vez que cozinhei, o doce ficou salgado (não perguntem). 

O fato é que eu não ousava imaginar a voz do Mauricio saindo "ao vivo" do meu celular. E ainda me perguntou se eu sabia quem estava falando!! Queria ter um gravador... Ou não. Devo ter dado vexame. 

De verdade? Para mim esse é o tipo de coisa que acontece com os outros. Não comigo. 

Só tenho a agradecer! Ao Maurício, à Vivi, ao Flávio e a tantas outras pessoas do que eu considero a Família MSP... Como:

- Paulo e Sílvia Back;
- Emerson Abreu;
- Gerson;
- Thaty;
- Altino;
- Sidney Gusman;
- Robson.

E os amigos (além dos já mencionados):

- Carla (Caula) Pacheco;
- Anna;
- Makoto;
- Ricardo;
- Maylu
e tantos outros... Está tarde e não me lembro mais de todos os nomes

Obrigada por fazerem parte da minha vida. Obrigada pelo papel que desempenham até hoje em meu crescimento. 

Sou uma pessoa melhor hoje por causa de vocês. 

E, mais uma vez, obrigada Vivi, Flávio e Maurício por realizarem sonhos que esta brasiliense nem ousava sonhar. Obrigada todos do Estúdio MSP. Obrigada, meus amigos todos!

Amo vocês! 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A BELA E A FERA

O meu conto preferido, desses da Disney, sempre foi A Bela e a Fera. Desde que ele saiu no cinema, ganhou meu coração. 

Primeiro, porque amo livros. Segundo, porque, segundo meus colegas, eu também era "weird", esquisita, "odd". Não me encaixava num padrão. Era rata de biblioteca, enfim...

Os anos se passaram e a Bela continua sendo uma das minhas personagens preferidas. Independente, resolvida, contente com o seu mundo. Talvez eu não seja tudo isso, mas almejo ser. 

A Bela não ficou presa em uma torre esperando um príncipe resgatá-la. Ao contrário, ela saiu de sua cidade em busca do seu pai, que havia sumido. Encontrou uma fera e deu sua vida, sua liberdade, para que seu pai pudesse ser livre. Muito mais legal do que dormir 100 anos. 

A Bela tem caráter, não é bobinha, não é submissa, decidiu o que fazer da vida.

Para que mais do que isso? 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Voltei

Porque, às vezes, podemos mudar de ideia e isso é saudável.

E ponto.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

E então, é o fim....

Do blog, deste blog apenas.

Não que vá fazer uma diferença enorme na vida de ninguém. Apenas é o fim de uma parte, o fim de um período, o fim de um capítulo. Haverão outros, outros blogs (meus), outras realidades (minhas).

Foi bom.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"E apesar do que poetas proclamam, a noite apenas é a metade do dia (...), pois a história nunca acaba e a peça nunca chega ao fim até que todos sejam um pouco queimados, chamuscados pelo sol"

Esse texto é uma tradução livre que fiz de um trecho do musical "The Fantasticks". O primeiro ato acaba à noite com todos felizes e o segundo começa com os personagens tentando manter uma pose que não se sustenta. Os monólogos sarcásticos do narrador são os que eu mais gosto. No fim das contas, Fantasticks tem um final feliz, mas mais verdadeiro do que o que leva a crer no primeiro ato. 

O jovem adolescente quer provar o mundo, achando que só trará boas recordações. A menina acredita que lhe falta certas experiências como dançar até a banda não aguentar. Eles se afastam porque a felicidade de um certo momento não se sustenta e, por fim, precisam viver as dolorosas verdades da existência humana antes de crescerem de verdade. 

O amor vence. De uma forma ou de outra. Depois de mágoas, de sofrimentos, de revoltas. Depois de quebrar um pouco (não todas) as desilusões.

Pode parecer pessimista, mas não é. Saindo do teatro, a sensação é de uma certa leveza.

E para quem viu, há que se compreender a necessidade de sempre haver um muro. 

O muro não serve para separar. O muro serve para dar espaço. 

Como uma peça de 50 anos ainda consegue ser famosa, sem um cenário estonteante, sem brilhos, sem efeitos especiais ainda me encanta. Mas não mais do que as músicas e os monólogos fantásticos do narrador. Que, aliás, é o melhor personagem de todos. 

Ele é sarcástico, ele é lindo, ele é cruel. Ele fala, ao final, "Há um curioso paradoxo, que ninguém sabe explicar. Quem entende o segredo do amadurecimento dos grãos? Quem entende como a primavera nasce do trabalho doloroso do inverno? Ou porque devemos morrer um pouco, antes de crescer novamente? Eu não conheço as respostas, apenas sei que é verdade. Eu os feri por esse motivo, e a mim um pouco também". (tradução livre)

Para mim chegou essa hora. A de suspender este blog e começar um novo. Talvez eu tenha conseguido alcançar meus sonhos, talvez não. Apenas sinto que é a hora de uma mudança. 

No filme Chocolate (um dos meus queridinhos), a personagem principal muda de cidade de tempos em tempos. Talvez seja este o meu momento. 

Não vou (não pretendo) apagar este blog. Ele vai continuar existindo. Já existe um outro sendo criado, mas não pretendo deixar endereço. Não por enquanto. 

Vamos ver os caminhos que percorrerei pelos próximos dias/meses/anos. 

O fato é que sonhos são ótimos. Ainda mais quando podemos realizar, ao menos em parte. Mas, no momento, preciso de um pouco de pé no chão. Tirar a cabeça das nuvens e focar no real.



domingo, 1 de maio de 2011

Machismo

Longe de mim falar que nuuuuuunca, em toda a minha vida, vou me relacionar com um homem machista, possessivo, etc. Sabe como é, né? Cai sempre na cara. A gente paga bonito com a língua essas coisas. 

Minha família paterna é machista. Daquelas que mulher, de preferência, não trabalha, não tem opinião própria e só abre a boca para falar "por favor, senhor" e "sim, senhor". Meu pai fugiu à regra (mas carrega a sua infinidade de defeitos).

Minha família materna, por outro lado, é precursora do feminismo. Minha avó aprendeu a dirigir ainda adolescente, andou de bicicleta, pilotou avião dos amigos. Aí, já viu? Claro que o casamento não deu certo e a "culpa" era do emprego da minha mãe. Afinal, onde já se viu mulher trabalhar?

Coisas assim me dão náusea fácil. 1800 passou faz tempo.

sábado, 30 de abril de 2011

Querer...

Eu gostaria, muitas vezes, de estar em outro lugar, de ser outra pessoa, de viajar, curtir, passear. Gastar em coisas fúteis, brincar de madame e brincar de ser criança. Queria ser mais magra, mais alta, mais bonita. Ter o nariz menor e ser um ser humano melhor. 
A gente quer tanta coisa e não vê o que está à frente. Um bom amigo, um bom emprego, um bom namorado.
A gente sofre pelo que não tem e almeja o que não nos pertence.
Faz sentido?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Depressão ou algo assim...

Era uma vez uma mulher. Assim, como tantas outras. Ainda nova, com dois filhos. Um menino mais velho e uma menina. Ela e o marido trabalhavam, ela concursada, ele empresário e tinham um bom padrão de vida. Os filhos, de 6 e 8 anos, eram bons alunos em uma boa escola.
Moravam, os quatro, em uma bonita casa de um condomínio fechado em uma cidade qualquer. Viajavam duas vezes por ano e ficavam hospedados em excelentes hotéis.
A vida seguia assim. Para todos os que olhavam de fora, a vida dos dois era perfeita. O trabalho, os filhos, a casa própria, dos sonhos, quitada. Não tinham dívidas.
Mas por um motivo qualquer, ela não era feliz.
O marido a adorava. Movia os céus, se pudesse, para fazê-la feliz. Incentivava-a a fazer um trabalho voluntário, a participar mais da vida dos filhos, mas ela se interessava por quase nada.
Seguia os ritos. A rotina era sua amiga. Pelo menos enquanto mantivesse a rotina, não pensava "besteiras". Ia à academia algumas vezes por semana. Trabalhava com certo foco, mas a sombra crescia.
Às vezes brigava com os filhos, assim, sem motivo.
E chorava escondida, no chão do banheiro sem saber de onde vinham tantas lágrimas que se misturavam com a água que escorria do chuveiro.
Não que tivesse coragem, mas muitas vezes queria morrer. Assim, de repente. Um acidente de carro, uma fatalidade qualquer. Um aneurisma. Essas coisas imprevisíveis e que, aparentemente, acontecem com qualquer pessoa.
Sentia raiva por não ser feliz, mesmo com tudo ao seu alcance. Não sabia o que queria. Tinha tudo o que precisava, mas algo lhe dizia que aquilo não era o que ela desejava. Mas o que mais querer, quando se tem "tudo".
Um dia procurou um médico que lhe quis medicar com alguma "pílula da felicidade". Recusou o diagnóstico de depressão. Afinal, como poderia, tendo tudo o que uma pessoa quer, ter depressão.
O médico só poderia estar errado. O idiota não sabe nada da vida dela.
Mais um tempo se passou. Por curiosidade leu um pouco mais sobre essa doença.
Resolveu buscar uma segunda opinião. Desta vez com um outro médico. Mais caro, mais estudado, mais competente, talvez.
Depressão.
Eu?
O casamento estava já meio morno. O marido chegava um pouco mais tarde em casa, os filhos tinham um certo medo dos ataques de fúria da mãe, seguidos, muitas vezes, por horas em que ela se trancava no banheiro e tudo o que se ouvia era o chuveiro escorrendo.
Depressão.
Mas isso não fazia sentido.
Sentindo que não tinha mais o que perder, resolveu confiar nesse médico.
Começou a falar coisas desconexas, mas que ele entendia. Ele fazia sentido das aparentes insanidades dela.
Nada mudou do dia para a noite. Nada muda assim.
Ele não prometeu nada. Lhe prescreveu um remédio, mas não prometeu cura. Na verdade não prometeu nada além de atendê-la durante quanto tempo precisasse. Claro que ele tinha seu preço. Todo mundo tem. Mas ela podia pagar e ele talvez pudesse ajudar.
Em alguns meses ela não ficava mais tanto tempo trancada no quarto ou no banheiro. Não usava tanto (talvez uma vez ou outra) o barulho do chuveiro para abafar o seu pranto.
Com o tempo voltou a sorrir, procurar amigos para sair, conhecer a si própria.
Viajou sozinha pela primeira vez em vários, vários anos. Pensou na vida. Não queria mais a morte. Queria ver a vida.
Os momentos de tristeza não sumiram da sua vida. Apenas começou a sobreviver a eles.
Entendeu por fim que tinha um problema. Uma doença crônica que merecia atenção. Teve momentos de desequilíbrio, de fraqueza, de cansaço. Mas aprendeu que a vida seria assim. Talvez para sempre. E lidou bem com essa realidade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Leva-se uma vida para aprender a se amar....

Eu achava que amor era se dar por completo para uma outra pessoa. Achava que só se amava quando amava-se alguém, outra pessoa, outro ser. Não tinha o conceito de amor próprio. 

Tinha medo da solidão. Medo da minha presença solitária em algum lugar. Um verdadeiro pavor de morar só, de viver só, de morrer só.Com o tempo (e muita terapia) comecei a enfrentar os meus medos. Fui morar sozinha e passar horas a fio apenas curtindo a mim mesma. 

Viajei. Vaguei ruas desconhecidas e fascinantes por horas sem me preocupar com a agenda de outro ser. Descobri um pouco de egoísmo saudável. 

Outro dia um colega me falou que se arrepende de não ter morado sozinho antes de casar. Eu fico feliz por ter essa oportunidade.

É mais fácil amar alguém quando amamos primeiramente a nós mesmos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cada Escolha Equivale a Uma Renúncia...

Até uma certa idade alguém escolhe tudo por você (normalmente os seus pais). Depois você começa a fazer as suas próprias escolhas. Começa aos poucos e é algo saudável. 

Aí você começa a traçar o seu próprio destino. Aos poucos, titubeando, você vai ganhando um pouco mais de confiança, um pouco mais de coragem. Até que se solta no mundo.

E você descobre que cada escolha que você faz equivale a uma renúncia. Renúncia, às vezes, pequena. 

A última escolha que meus pais fizeram por mim, sem que me agradasse, foi me colocar em uma escola aos onze anos. Durante meses implorei para me tirarem de lá. Durante meses eles disseram não. Aí tive que escolher se me adaptava ou se me rebelaria. Como rebelar-me aos 11 anos seria motivo de uma bela surra, achei por bem me adaptar. Esforcei, fiz alguns amigos, aprendi. 
Mas escolhi me adaptar. Escolhi me esforçar para fazer dos próximos 7 anos os melhores possíveis. Muita coisa aconteceu que não estava sob meu poder de escolha, mas fui me adaptando, crescendo, etc. Sofrendo, também. 

Por influência da minha mãe, escolhi ser uma boa aluna. "Seu boletim é o seu álibi", costumava dizer. Notas boas significavam poder de barganha. Sair em dia de semana, voltar a hora que quisesse e, inclusive, faltar aula. 

Tive uma amiga à época, que falava que, a partir do momento em que fazia uma escolha, tínhamos que esquecer das outras. O exemplo mais clássico era que ou eu ia ao cinema e esquecia de me debruçar sobre os livros, ou debruçava sobre os livros e esquecia do cinema. Como dizia a Cecília Meirelles, "Ou isto ou aquilo". Ponto. 

A lição sobreviveu à amizade que, por fim, nem era tão grande assim. 

Ou ficava seis meses num cursinho e entrava numa faculdade pública ou fazia uma particular e  não precisava (mais) me estressar com vestibular. 

Ou estudava para um concurso ou contentava-me com um emprego com remuneração baixa. 

Ou uma coisa ou outra.

Minha melhor amiga resumiu tudo em uma frase "cada escolha equivale a uma renúncia". Uma dessas frases de efeito que passam de boca a boca. Um colega de trabalho contou para ela. O contexto era concurso.

O fato é que todas as escolhas significam abrir mão de algo.

Como no post anterior, a tal escola na qual não fui lá tão feliz. Podia ter me esforçado, talvez mais.

Hoje busco escolhas mais saudáveis, claro. Para o organismo, para a mente.

Boa parte da vida é você quem faz...




segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não só o museu vive de passado...

Não acredito ser possível apagar o passado como num simples passe de mágica. A não ser que você seja acometido por uma terrível amnésia, duvido que alguém não seja influenciado pelo passado. A gente aprende com o que vivenciamos, assim crescemos e cada parte de nós é influenciada pela nossa experiência. 

De tempos em tempos acredito ser válido olhar um pouco para trás e ver o caminho traçado. Às vezes temos a impressão que foi mais árduo do que efetivamente foi, ou o contrário. Às vezes sentimos nostalgia de uma época que consideramos dourada em nossas vidas, sem lembrar das dificuldades. A visão acaba, sempre, ficando meio turva. É inevitável. 

Hoje refleti sobre o meu passado. Lembrei-me como odiava a escola onde estudava. Não via a hora de chegar à faculdade, mudar para um mundo diferente, melhor. A faculdade foi, de fato, melhor do que o segundo grau. Hoje considero minha vida melhor do que na faculdade. 

E me pego perguntando o quanto desse ódio foi exagero meu. De fato, eu não contribuia para melhorar a minha percepção da escola e, provavelmente, nem sequer tinha a maturidade para entender que parte da vida é você quem faz. 

Eu sabia que podia ser melhor com um pouco de esforço. Poderia ter tido uma vivência menos conturbada se, ao menos, permitisse alguns ajustes na minha própria conduta. O fato é que, como odiava ir à escola, não me permitia esforçar para fazer do meu tempo lá mais agradável. 

Ontem encontrei um velho conhecido da época de escola. Sim, nosso tempo lá não foi coroado por flores, como conversamos, mas também não eram tantos os espinhos. 

Por fim, não seria a escola que eu escolheria para estudar ou para colocar um filho meu... Mas, vejo hoje que não foi tão ruim assim.
Vivendo e aprendendo...

domingo, 30 de janeiro de 2011

Não Complique! (muito...) 

Diz a Danuza Leão que não devemos complicar as coisas. Devemos comer comida francesa na França, italiana na Itália, americana nunca.

Por mais que eu adoraria seguir esse conselho ao pé da letra, não dá para fugir para Paris toda vez que dá vontade de comer um crème brûlée. Ou para Veneza quando quero comer uma pizza.

Mas eu acho que um pouco de coerência vai bem. 

Por exemplo, se você vai a uma churrascaria, sushi deveria ser proibido (e parece cada vez mais comum!). Numa casa de frutos do mar pedir picanha também me parece estranho. Certas coisas pertencem em certos lugares. 

Assim como você não vai ao trabalho com trajes de banho (exceto se você for um salva-vidas), algumas comidas devem ser consumidas com um certo charme, uma certa harmonia. 

Assim como não combina bife e batata frita num restaurante japonês, comida japonesa não combina com churrasco. Simples assim.

Comida italiana pertence em restaurantes italianos. De preferência aqueles em que o chef tem até aquele sotaque cantado e faz malabarismo com bolas de massa. Se não for posível, um bom cozinheiro paulista serve. :) 

Pode ser frescura minha, mas eu não consigo acreditar que um restaurante francês, por exemplo, seja capaz de fazer um cheddar burguer decente, com direito a molho barbecue e cebolas douradas. Ou um cheesecake melhor do que o do Cheesecake Factory. 

Ou que uma hamburgueria consiga fazer um crème brûlée à perfeição. 

Cada um, creio, deve ficar no seu quadrado. 
Menos o Fellini, restaurante a quilo no Leblon que serve os pratos mais diferenciados e deliciosos que uma pessoa possa imaginar. E o crème brûlée? (já deu para perceber que gosto, né?) E o petit gateau? E o brownie? E os risottos? 

É... Tenho que admitir que toda a regra tem sua exceção.




sábado, 13 de novembro de 2010

DESABAFO

As pessoas tem filhos porque querem. Ou porque não se cuidam. Enfim, fato é que, pelo que estudei de biologia, é necessário um espermatozóide e um óvulo para nascer uma criança. Nenhuma criança pediu para nascer. Eu sei que eu não pedi. Nem as minhas irmãs. 

Aí a pessoa responsável pela parte do espermatozóide vira para mim e fala que a filha adolescente não é "problema" dele. Aliás, nem a mais velha (eu) e nem a mais nova (com 8). 

É problema de quem? Segundo ele, das respectivas mães. Aparentemente, problema meu também. Aí eu não sei ao certo como foi que eu entrei nessa história-nada-a-ver. Não lembro de ter engravidado, não me recordo de ter tido filhos. Aliás, aos 31 evito ao máximo ter uma criança.

Não me leve a mal. Adoro crianças. Mas não quero projetar nelas a história da minha vida, como vejo ocorrendo por aí. Não preciso colocar um ser no mundo para tentar consertar o estrago que o dono da metade da minha carga genética fez comigo. 

4 anos de terapia intensiva. Quatro anos de medicação, consultas, lágrimas num consultório. 31 anos de desabafos com amigas e pessoas que passaram por coisas semelhantes. 11 anos de todos os tipos de abuso, exceto o sexual, cometidos por quem deveria me amar e proteger. 

Agora luto pelo bem estar das outras duas irmãs. Eu, que não tive filhos, preocupo-me em tentar garantir que elas não precisem de terapia. Pelo menos a do meio não conviveu praticamente com o nosso genitor. A outra conviveu, mas não sofreu tantos abusos, pois a mãe não deixou. Ainda assim, já dá para ver o estrago.

E a maior raiva que sinto é ao ver que existem pessoas bem estruturadas que não conseguem ter filhos. E merecem. 

Enquanto isso aquele responsável pela metade da minha carga genética colocou 3 no mundo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Amor Existe, Sim!!

Às vezes fico pensando se sou uma iludida, se sou louca, ou romântica demais. Pego-me tentando me convencer que amor talvez seja excesso de dopamina, ou serotonina, ou sei lá que "ina" dessas da vida. Tenho um namorado por quem sou apaixonada e sei que sou retribuída. 

Mas fica a dúvida, será que tudo não passa de química ou de uma ilusão? Será que o amor não existe exceto entre mães e filhos? Será que tudo não passa de uma loucura? Será, será, será?? E dura ele para sempre? E o que é verdadeiramente? 

Confesso que eu fui uma adolescente muito, muito romântica. Do tipo que achava que ia encontrar um príncipe que me salvaria de todos os sofrimentos e cuidaria de mim até o último dia de nossas vidas. Pois, afinal, deveríamos morrer juntos. De preferência abraçados. 

Muitos anos, um divórcio e algumas pancadas da vida depois, acho, muitas vezes, que não é beeeeem assim. 

Há vantagens. Aprendi que quem cuida de mim sou eu e quem me salva dos sofrimentos é o terapeuta. Prozac também ajuda (bem, não no meu caso). O príncipe de hoje pode virar sapo amanhã (ou, na verdade, era sapo com roupa de príncipe, vai saber...o amor é meio cego mesmo!). 

Mas aí, algo traz a adolescente romântica de volta. No caso, o blog 13 anos depois, que mostra que o amor existe, está vivo e bem. No caso da Mirelle, dona do blog, e do Leonardo, seu marido, fixou residência na França. Dá para ver que eles têm um amor saudável, bonito, verdadeiro, sem essa coisa de um anular o outro (agora somos um só, você é minha outra metade, etc), mas um complementando o outro.

Aliás, na última conversa que tive com meu terapeuta, isso não é saudável (essa história de "almas gêmeas, um só coração, somos uma só pessoa, um só ser, um só perfil no orkut...") e pode virar patologia. Tenha medo.

E isso acho bacana. Um apóia o outro, ao invés de se apoiar no outro. Lindo e fofo. Somos dois.

Esperança renovada, volto a sentir mais jovem, mais cheia de sonhos. 

Será que consigo me casar em Paris?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Violência Fugindo das Estatísticas

Não quero saber quantas mulheres são agredidas por dia, mês e ano. Agredidas física e emocionalmente. Não quero números. Não quero saber se a maioria vem da periferia ou das grandes cidades. Não importa. Importa saber que ela existe muito além dos números. Ela existe dentro das casas, nas ruas, em outros países. Ela existe e ponto. 
E é trágico. É trágico porque não é divulgada como deveria. É trágico porque ninguém realmente dá bola. É trágico porque existem músicas, cantadas por mulheres, dizendo que "tapinha não dói". 
Tapinha dói. Empurrão dói. Humilhação dói. E tudo isso vai crescendo. A mulher que vai parar no hospital com o braço quebrado depois de uma surra, já levou um "tapinha" antes.
A criança que, morta, estampa os jornais, já levou um tapinha.
E as pessoas que lotam os consultórios de psicólogos e psiquiatras, já sofreram algum abuso físico ou emocional na vida.

E outra que já falei e repito: violência contra seres/pessoas menores ou mais frágeis tem nome - covardia.


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um pouco mais de conhecimentos compartilhados...

Fui ao casamento de uma amiga outro dia, onde reencontrei uma conhecida (amiga dela) que certa vez me deu um conselho precioso, apesar de não ter, à época, solicitado qualquer insight. Ou talvez até tenha, mas fato é que, como qualquer jovem estagiária, achava uma grande baboseira quando falavam que dinheiro não resolvia todos os problemas do mundo, sendo que tudo o que eu queria era, bem, ganhar meu dinheiro e, de preferência, uma boa quantia. 

A frase dela (uma pérola que carrego até hoje e que acabei não perguntando se ela ainda se lembra) foi a seguinte: "Se seu(s) problema(s) pode(m) ser solucionado(s) com dinheiro, você não tem problema". Como toda boa jovem estagiária, devo ter ignorado, mas por algum motivo aquilo ficou impregnado no meu ser. Assim como uma outra pessoa, uma amiga, me disse (acho que no mesmo ano) que dinheiro não traz felicidade, traz conforto. 

Pérolas que foram sendo acumuladas com o passar dos anos. 

Hoje, quase 10 anos depois de receber essas pérolas, vejo que, de fato, devo dar ouvidos a quem tem mais experiência do que eu.

Claro que muitos conselhos que ouvimos acabam sendo enviados para a lixeira. Alguns pertencem ali. Como um "conselho" que eu recebia de uma pessoa próxima quando era criança "é melhor puxar saco do que puxar carroça". É, precisamos diferenciar a pérola do caco de vidro.

Graças ao exemplo da minha mãe, aquele foi um conselho que nunca entrou na minha cabeça. Prefiro puxar 10 carroças a depender de puxar saco de qualquer pessoa. 

Prefiro dormir em paz, sabendo que do meu concurso ninguém me tira. No meio de tantas incertezas políticas, estou sã e salva no meu cantinho. 

Claro que não sou rica. Não fiquei e nem vou ficar milionária por causa do meu concurso. Mas vejo, sim, que dinheiro não resolve problemas e nem traz a tão-almejada borboleta da felicidade. A felicidade é a coisa do jardim mesmo. 

Mas, como disse uma amiga, "Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda a sofrer em Paris". 

Isso sim é vida!

Antes que você, jovem, venha me dizer que o dinheiro, no seu caso, traria, sim, a felicidade, deixa eu contar um segredo: não se apegue a essa ideia. 

Dinheiro ajuda bastante em vários aspectos, mas não resolve. 

Dinheiro não traz amor, felicidade, saúde. Ele paga as noitadas, a terapia, o plano de saúde.

A felicidade, mesmo, vem de dentro. Os problemas vem de fora, concordo, mas o dindim não resolve tudo aquilo. 

E quando você precisar de um amigo, não é o dinheiro que vai conseguir um para você. 

Conheço pessoas que tem muito dinheiro. Umas sabem viver e outras não. E é simples assim (ou quase). 

Na boa, de que adianta o dinheiro se for para viver isolado? Admiro as pessoas que fazem bom uso. Sem loucuras, na boa, aproveitando a vida. É para isso que ele serve. 

Sergio Jockymann tem um poema chamado "Os Votos" em que ele fala que você deve colocar um pouco de dinheiro na sua frente e falar "isso é meu" de vez em quando, para deixar claro quem é dono de quem. Adoro. 

É isso.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Segredo de Um Casamento Bem Sucedido

Hoje vou compartilhar com vocês, caros leitores, tudo o que eu sei sobre um casamento bem sucedido, algo raro hoje em dia. Entenda-se por casamento bem sucedido aquele com mais de 10 anos de duração em que um não quer ver a caveira do outro. É, é difícil. 

Em primeiro lugar, o segredo não está numa festa magnífica, com tafetás, vestidos de grife e champagne Veuve Cliquot (isso é charme, luxo, etc).
Também, o segredo não estáem uma festa simples, só com a família e os amigos mais próximos. 

Não está em uma aliança de R$ 2.000,00 e nem em uma de R$ 200,00. 

Não está em juntar as moedas que sobram do almoço para comprar a lavadora de roupas e nem em ganhar tudo da família assim, de mão beijada. 

O segredo de um casamento bem sucedido não está no amor ou na paixão, como dizem os poetas, nem apenas na amizade. 

Não está na lua de mel em Veneza, Roma ou Paris. 

Não está no brilho do olhar de quem se ama e nem em uma aplicação financeira. 

O segredo está no compromisso. 

Simples assim. Compromisso.

Compromisso de estar com aquela pessoa mesmo quando é difícil. Nos altos e baixos, erros e acertos. Compromisso com você e com o outro.

Não está, por mais que digam, em nada tangível. 

Não está num pedaço de papel, que pode ser "revogado" a qualquer momento pelo divórcio.

O segredo está em querer dar certo. Só o amor não basta. Nem a amizade. É uma soma que, no fim, se resume a isso: Compromisso. 

"Eu prometo" deveria ser "eu me comprometo". 

Depois das promessas feitas no altar vem a vida real. E a vida real não é fácil. 

Por isso eu digo: é compromisso. 

Um padre uma vez falou que, para casar, você tem que querer fazer a outra pessoa feliz. Sair do seu "eu" para se doar a outra pessoa. E vice versa. Compromisso. 

Casamento é um contrato. Um contrato de união e convivência entre duas pessoas. Assim como os demais contratos, possui regras, direitos, obrigações e testemunhas. E o que é um contrato se não um compromisso? 
Quer ter um casamento de sucesso? Comprometa-se.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Que Ninguém Pode Me Tirar

Ontem, pensando sobre as eleições, refletindo sobre os problemas familiares que vivi, examinando a fundo tudo o que consegui, percebi, com certo atraso, que o que eu conquistei ninguém, literalmente, terá o poder de me tirar. Sou concursada na esfera federal, com estabilidade. Tenho meu próprio carro, tenho condições de arcar com um apartamento (por ora, vivo de aluguel).

Mas não me foi dado nada disso. Batalhei, suei, consegui. Nada foi fácil, nada foi de graça. Mas pode cair presidente, diretor, o que for, nada vai me tirar as conquistas pessoais.

Não tenho dívidas, exceto por prestações bestas no cartão de crédito (uma roupa, um celular, coisas assim compradas em algumas vezes), mas nunca deixei de pagar a fatura completa do cartão. Nem quando voltei de viagem. Nem quando tive que, praticamente do dia para a noite, mobiliar um apartamento. São vitórias que ninguém tira. 

E isso, algo tão simples, me fez sentir tão bem...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Desafios

O ano começou e vai terminar com desafios (estou falando mais especificamente no trabalho). A tão-sonhada gratificação está saindo do forno, e torço para ser publicada no DOU antes do fim do mês. Mas, apesar dos pesares, isso é o de menos.
Está difícil sair do trabalho "na hora". Às vezes sinto afogar em um mar de processos e demandas sem fim. E eu, que sempre tentei ser invisível acabei tornando figura presente em reuniões, com pessoas importantes me chamando pelo nome, solicitando e ouvindo as minhas opiniões. 

É engraçado isso. Aconteceu meio do nada, depois de receber um pedido de ajuda. E me fez lembrar da adolescente que não se conseguia imaginar cabulando aula. 

Tudo isso serviu para me mostrar que, na verdade, somos meio que movidos a desafios. Ninguém consegue evoluir se não enfrenta dificuldades, se não precisa se esforçar. E, no serviço público principalmente, são muitas as pessoas que fazem pacto com a mediocridade - faz o mínimo necessário e nada mais. 

Acabo me redescobrindo. E isso tem sido um feliz aprendizado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Meus Momentos de Criança



Outro dia acordei criança. Estava em São Paulo para conhecer os estúdios Mauricio de Sousa. O endereço continuava o da Rua do Curtume, aquele que sempre vem nas revistinhas. Como a visita era à tarde, passei a manhã ansiosa. Queria ir logo. Queria realizar esse sonho de criança de menos de 10 anos que existe dentro de mim. 

Fui. Tirei fotos. Tietei. Conheci o trabalho por trás da magia. O trabalho dos desenhistas, coloristas, arte-finalistas. Passeei por salões com sorriso estampado. Vi a biblioteca e ri sozinha lendo alguns gibis. 

É, existe uma criança dentro de cada um de nós.

Eu levo uma vida um tanto séria. Sou séria no dia a dia. Fiz direito, tenho uma postura, muitas vezes, distante. Tudo isso foi esquecido nesse dia. Pulei como criança. Ri. Brinquei. Tive palpitações aguardando ser chamada para a visita.

De volta à rotina exaustiva do dia-a-dia, ainda estou com a cabeça um pouco nas nuvens, feliz pela experiência. São Paulo sempre me faz bem. 

Engraçado que a cidade séria deste país é a que várias vezes me proporcionou momentos de leveza, de alegria e, sem dúvida, de tietagem. Aliás, para tietagem, São Paulo me é insuperável (no Brasil...no exterior é NY). 

Cansei de pegar autógrafos em São Paulo. Peças de teatro e, claro, tudo ligado à Turma da Mônica. Sim, tenho autógrafos do Mauricio de Sousa e boa parte de sua equipe. 
Nisso eu sou eternamente grata a um amigo: o Flávio. 

Espero não perder esse lado infantil. Espero não sufocar a criança que existe dentro de mim. 
Espero visitar mais vezes o estúdio e os amigos que lá trabalham.

Preciso lembrar que a vida não é tão séria... E que todos nós precisamos ser um pouco tolos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Saudade...

Esse buraquinho que fica em nosso peito quando alguém vai embora...seja por pouco tempo, seja para sempre.

Hoje estou com saudades da minha avó. Saudades das noites em que passava com ela e minha mãe jogando carteado depois dos outros irem dormir. Saudades de vê-la na janela da sala quando chegávamos no sul. Saudades de ouvir a voz dela cantarolando "Parabéns à você" em todos os meus aniversários. Quer dizer, até 2001. 

Em 2002 não teve cantoria. Nem depois. O telefone da casa onde ela morava mudou e eu não tenho mais de cor aquele número que me era tão querido. 
Não lembro mais quando foi a última partida de carteado que joguei. As cartas me lembram a minha avó. 

Três horas de jogo entre três gerações, após todos irem dormir. No inverno, a lareira, no verão, as janelas abertas.

São muitas lembranças. Muitas vezes em que ela me ajudou mais do que pude retribuir e me paparicou mais do que eu mereci. 

Foram anos de árvores, de histórias, de memórias, de mimos.

Ela tricotava roupas e histórias. Sempre tinha as mãos ocupadas com alguma agulha (principalmente de tricot e crochet). Mas isso era o que todos viam.

À noite, éramos três. Três mulheres (duas, na verdade...eu era adolescente). Três gerações insones.
Ela buscava o feltro para cobrir a mesa depois que o último se despedia. Desligava a TV, cada uma de nós pegava algo para bebericar, e assim o tempo passava, corria. Contávamos histórias, ríamos. 

Não havia competição. Nenhuma "segurava" cartas que poderiam ser úteis a outra. As cartas eram uma desculpa para conversar, passar o tempo, divertir. 

E fica agora a lembrança. Essa dor que insiste em não passar. Essa memória que me diz que tudo mudou, ainda que a vida tenha seguido adiante.
Se um dia eu tiver uma filha, será que ela jogará cartas comigo e com a minha mãe? Duvido bastante. Para quem ensinarei os jogos que minha avó me ensinou? Ou morrerão comigo? 

Quem será que herdará tudo isso?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Meinhas...


Outro dia realizei uma das compras mais inúteis, aparentemente. Comprei dois pares de "home socks" da Lupo. Lindas, quentinhas, com solado de bolinhas de borracha. Quando cheguei em casa e coloquei um par no meu pé, parecia que meus pezinhos estavam sendo massageados. 

Adoro meias. Tenho várias. Quase todas de "malhar" (detalhe que não malho), que acabo usando para andar em casa. Uso mais do que chinelo, do que pantufa. E a Lupo tem uma longa relação comigo. Desde pequena, meus pais compravam meias da lupo. Todas iguais. Brancas. Não tinham pares e eram descartadas conforme fossem inutilizadas pelas minhas brincadeiras na terra vermelha. Aliás, não sei porque eles compravam meias tão caras. Hoje compro meias baratinhas e continuo usando até acabar. 

O fato é que, para mim, foi uma excelente compra. Tenho usado quase que diariamente para ficar em casa e para dormir (no inverno isso é perfeito).

Maaaas, tenho que concordar que as minhas meias mais antigas serviriam muito bem para o papel desempenhado pelas novas. 

Bem, coisas "inúteis" por preços irresistíveis, certo??

terça-feira, 27 de julho de 2010

Faz Tempo Que Não Posto...

Sabe o que é? A arte é uma coisa engraçada...é mais facilmente elaborada quando estamos deprimidos. Como não estou, fica difícil... Brincadeira. É o tempo, a preguiça, sei lá. Na verdade, não tenho desculpa. Pronto. Falei. 

Está, na verdade, tudo indo bem. Passei dias inesquecíveis de férias com pessoas maravilhosas (inclusive, uns dias só comigo mesma). Fui madrinha no casamento de uma grande amiga. Bati muita perna e comprei um quadro lindo do Romero Britto. Trouxe mimos para amigos e amigas (viajar pra fora = muamba, não tem jeito), relaxei, curti muito. 

E morri de saudades dos meus gatinhos, da minha terrinha, dos meus amigos, do meu namorado. 

Tudo absolutamente normal. 

A pós está na reta final (faltando só a monografia), mas já descobri que, provavelmente, terei que fazer outra, por imposição do trabalho. Aliás, cheguei a falar sobre pós aqui? Não lembro. Bem, fiz essa pós com uma amiga e a culpa é toda minha (de verdade). Ela quem o diga. 

Neste fim de semana uma amiga muito querida (que mora em SP) vem passar as férias aqui. Estou morrendo de saudades. 1 mês inteiro aqui, tomara que dê para colocar as fofocas em dia. 

Parece que foi outro dia que escrevi sobre os 18 anos da minha irmã. Pois é. Ela está chegando nos 20. Eu estou velha, velha, velha!! 
E o trabalho tá cansativo, mas tá legal. Muita coisa. Muita mesmo!!

E por hoje é só, pessoal!