Confissões e Confusões na Blogosfera
(A adolescente rebelde que virou mãe careta)
A Maria Mariana, que escreveu Confissões de Adolescente, agora publica o Confissões de Mãe, quase vinte anos após o primeiro livro rebelde sem causa. O rebuliço criado na blogosfera não está no gibi.
Não li o livro (até quero ler pra ver o que ela diz), mas a entrevista dada à Isto É leva a crer que Maria Mariana virou mãe daquelas de 1950. Que acha que o bonito é ficar em casa cuidando dos filhos e deixar o homem trazer o bacon.
Eu não sou mãe. Não pretendo ser mãe. Talvez um dia até mude de idéia. Mas não por agora.
Minha mãe casou-se com o primeiro homem que amou. Amor adolescente, casou-se aos 21 anos, já comigo no colo. Na cabeça e no coração, todas as certezas de viver feliz para sempre. O "para sempre" durou 11 anos. Até meu pai se apaixonar por outra e querer logo o divórcio.
Depois disso, ele se afastou de mim e da minha irmã (que era um bebê). Ele não tinha o menor interesse em saber da minha vida ou da minha irmã e, creio, acredita até hoje que o único dever dele é pagar pensão se der. Aliás, pra quê pagar pensão? Ele nem fica com as filhas...
Depois disso ele ainda teve mais uma filha (hoje, com 6 anos). Que, aliás, deve ser mais uma criança sem referência masculina em breve (ele e minha madrasta estão se separando depois de, pasmem, 11 anos de casamento). Afinal, para ele "entre ver as filhas uma vez a cada duas semanas e não ver, prefiro não ver". Frase dele.
Mas isso não é sobre mim. É sobre minha mãe (e todas as milhões de mães solteiras por aí). Minha mãe que preocupou-se em fazer faculdade e concurso público para ter o dinheiro dela, a renda dela, independente do meu pai. Ela que fez pós graduação e mestrado para ser uma profissional melhor. Ela que, com tudo isso, criou sozinha duas filhas. E, pelo resultado, criou bem.
Deve ser muito bom, no entanto, como a Maria Mariana, poder se dar ao luxo de ficar em casa para cuidar dos filhos. Deve ser ótimo ter certeza (?) que o casamento vai durar para sempre. E se não durar, ter um pé de meia feito pela venda dos dois livros que publicou e, quem sabe, uma ajuda do papai (para poder ficar em casa lambendo a cria).
A realidade, minha cara, não é tão simples para milhares de mulheres. A maior parte delas tem que trabalhar pra sustentar a casa, os filhos e, às vezes, o marido, o pai, a mãe. E sem essa de ter alguém para ajudar. Muitas ficam à mercê de babás ou creches nem sempre confiáveis.
Não devia falar sobre depressão pós parto, mas vou: depressão é uma doença, como diabetes. Ninguém tem culpa ou faz por merecer. É um desequilíbrio do corpo. Não existe diabetes gestacional? Então? Existe depressão pós parto. Se você é uma das felizardas que não teve nada disso, que sorte.
Quanto ao parto: se você pôde se dar ao luxo de ter um parto normal, que bom. O obstetra da minha mãe (e muitos outros) cobram mais caro por isso. Afinal, médico ganha por parto e não gosta muito da ideia de ficar horas esperando a criança "dar o ar da graça". A minha irmã nasceu de parto normal (a filha do meu pai com a minha mãe). Foram quase 12h de trabalho de parto. Eu também nasci de parto normal. Também com várias horas de trabalho de parto. A minha outra irmã, filha da minha madrasta, estava em sofrimento fetal por uma eclâmpsia. Teve que ser retirada às pressas. O parto levou em torno de 1h.
E tem gente que não consegue mesmo ter parto normal. Conheço gente que queria e ficou três dias tendo contrações sem ter um só centímetro de dilatação. Acabou fazendo cesárea pq não teve jeito. A culpa deve ser dela, né?
Só mais um ponto, para rir um pouquinho.... Filha única, madura, aos 7 anos? Estou para ver uma criança assim. Pode ler Goethe, Shakespeare, o que for. Não existe filha única madura aos 7 anos. E isso eu falo por experiência. Fui filha e neta única até os 7, filha única até os 11. Não existe criança madura aos 7 anos. Não que a maturidade não possa vir cedo, mas ela vem com a experiência e não existe ninguém experiente aos 7 anos.
O que você fazia aos 7 anos? Pagava suas contas? Saia sozinha? Ia para a balada? Menstruava, pelo menos, criatura???
Por tudo o que eu li (e, sim, eu li Confissões de Adolescente), vejo e penso que Maria Mariana é, sim, uma grande filhinha de papai.
Essa pose de Amélia não me engana. Ela pode até ser uma mulher feliz, submissa, com marido e filhos, mas isso tá mais para historinha de ninar ou novela das 6.
Casou, teve filhos (uma penca) e viveu feliz para sempre.
Finge que é assim pra todo mundo.
Não li o livro (até quero ler pra ver o que ela diz), mas a entrevista dada à Isto É leva a crer que Maria Mariana virou mãe daquelas de 1950. Que acha que o bonito é ficar em casa cuidando dos filhos e deixar o homem trazer o bacon.
Eu não sou mãe. Não pretendo ser mãe. Talvez um dia até mude de idéia. Mas não por agora.
Minha mãe casou-se com o primeiro homem que amou. Amor adolescente, casou-se aos 21 anos, já comigo no colo. Na cabeça e no coração, todas as certezas de viver feliz para sempre. O "para sempre" durou 11 anos. Até meu pai se apaixonar por outra e querer logo o divórcio.
Depois disso, ele se afastou de mim e da minha irmã (que era um bebê). Ele não tinha o menor interesse em saber da minha vida ou da minha irmã e, creio, acredita até hoje que o único dever dele é pagar pensão se der. Aliás, pra quê pagar pensão? Ele nem fica com as filhas...
Depois disso ele ainda teve mais uma filha (hoje, com 6 anos). Que, aliás, deve ser mais uma criança sem referência masculina em breve (ele e minha madrasta estão se separando depois de, pasmem, 11 anos de casamento). Afinal, para ele "entre ver as filhas uma vez a cada duas semanas e não ver, prefiro não ver". Frase dele.
Mas isso não é sobre mim. É sobre minha mãe (e todas as milhões de mães solteiras por aí). Minha mãe que preocupou-se em fazer faculdade e concurso público para ter o dinheiro dela, a renda dela, independente do meu pai. Ela que fez pós graduação e mestrado para ser uma profissional melhor. Ela que, com tudo isso, criou sozinha duas filhas. E, pelo resultado, criou bem.
Deve ser muito bom, no entanto, como a Maria Mariana, poder se dar ao luxo de ficar em casa para cuidar dos filhos. Deve ser ótimo ter certeza (?) que o casamento vai durar para sempre. E se não durar, ter um pé de meia feito pela venda dos dois livros que publicou e, quem sabe, uma ajuda do papai (para poder ficar em casa lambendo a cria).
A realidade, minha cara, não é tão simples para milhares de mulheres. A maior parte delas tem que trabalhar pra sustentar a casa, os filhos e, às vezes, o marido, o pai, a mãe. E sem essa de ter alguém para ajudar. Muitas ficam à mercê de babás ou creches nem sempre confiáveis.
Não devia falar sobre depressão pós parto, mas vou: depressão é uma doença, como diabetes. Ninguém tem culpa ou faz por merecer. É um desequilíbrio do corpo. Não existe diabetes gestacional? Então? Existe depressão pós parto. Se você é uma das felizardas que não teve nada disso, que sorte.
Quanto ao parto: se você pôde se dar ao luxo de ter um parto normal, que bom. O obstetra da minha mãe (e muitos outros) cobram mais caro por isso. Afinal, médico ganha por parto e não gosta muito da ideia de ficar horas esperando a criança "dar o ar da graça". A minha irmã nasceu de parto normal (a filha do meu pai com a minha mãe). Foram quase 12h de trabalho de parto. Eu também nasci de parto normal. Também com várias horas de trabalho de parto. A minha outra irmã, filha da minha madrasta, estava em sofrimento fetal por uma eclâmpsia. Teve que ser retirada às pressas. O parto levou em torno de 1h.
E tem gente que não consegue mesmo ter parto normal. Conheço gente que queria e ficou três dias tendo contrações sem ter um só centímetro de dilatação. Acabou fazendo cesárea pq não teve jeito. A culpa deve ser dela, né?
Só mais um ponto, para rir um pouquinho.... Filha única, madura, aos 7 anos? Estou para ver uma criança assim. Pode ler Goethe, Shakespeare, o que for. Não existe filha única madura aos 7 anos. E isso eu falo por experiência. Fui filha e neta única até os 7, filha única até os 11. Não existe criança madura aos 7 anos. Não que a maturidade não possa vir cedo, mas ela vem com a experiência e não existe ninguém experiente aos 7 anos.
O que você fazia aos 7 anos? Pagava suas contas? Saia sozinha? Ia para a balada? Menstruava, pelo menos, criatura???
Por tudo o que eu li (e, sim, eu li Confissões de Adolescente), vejo e penso que Maria Mariana é, sim, uma grande filhinha de papai.
Essa pose de Amélia não me engana. Ela pode até ser uma mulher feliz, submissa, com marido e filhos, mas isso tá mais para historinha de ninar ou novela das 6.
Casou, teve filhos (uma penca) e viveu feliz para sempre.
Finge que é assim pra todo mundo.
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