quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sob o Sol da Toscana

Aviso: Contém spoilers!!!!!!

Poucos filmes me emocionaram mais do que "Sob o Sol da Toscana". Talvez por ter vivenciado dois divórcios difíceis (o dos meus pais e o meu próprio, anos mais tarde). O filme mostra belas paisagens, possui um final um tanto previsível, mas o jeito que a história vai se desenvolvendo é o que me encanta. Talvez mais do que a história das joaninhas, é a história da linha do trem. É a ideia de viver para um futuro melhor, mesmo que este exista apenas na fé.

O filme não acaba com "viveram felizes para sempre", não acaba com todos os problemas magicamente resolvidos e nem com promessas de uma vida melhor. Ele apenas acaba em um momento x, que poderia ser qualquer um. Um dia qualquer do ano. Não está tudo perfeito, mas está tudo bem. Dinheiro, fama, poder não têm lugar nesse filme, que trata da vida após divórcio. Da vida após um baque que tem o poder de derrubar um cidadão e fazer com que a auto-estima de uma pessoa torne-se pó em 10 segundos.

Difícil uma pessoa que nunca passou por uma situação assim idenficar-se com o filme. Eu acho, pelo menos.

Eu vivenciei muito de perto (talvez perto demais) o divórcio dos meus pais. Achava que entendia tudo. Ledo engano. Muita coisa só aprendi mesmo depois de assinar o papel que pos fim ao meu próprio casamento.

No filme fala que é levar uma bala no coração. É como bater de frente contra um carro que vem em alta velocidade no sentido contrário. É algo que deveria matar, mas não mata. E você tem que aprender a viver depois disso.

Parece fácil, mas não é.

E não existe fisioterapia para isso. Não existe um centro de reabilitação, ninguém ensina como sobreviver a uma perda dessas. Nunca ouvi falar (pelo menos aqui) de um grupo de apoio, de um "Divorciados Anônimos", de qualquer coisa do gênero.

Mas a verdade é que deveria mesmo matar, mas não mata. Mata uma parte de você, mata um passado, mata uma parte da sua alma, mas você sobrevive. Se sai mais forte, mais confiante, com uma auto-estima melhor eu não sei. Eu sei que cada um encontra a sua maneira de lidar com isso e continuar a viver.

E a beleza do filme, para mim, é essa. Mostra exatamente como a pessoa se sente. A vontade de fugir para outro lugar, outra cidade, país, planeta e refazer a vida. E a esperança de ser feliz novamente.

Toda vez que vejo uma joaninha, agora, me lembro desse filme. No meu apartamento já apareceram várias desde que me mudei. Sempre fico as observando de pertinho, pensando que é um sinal que tenho me mantido no caminho certo.

Lindo também é quando, no filme, ela descobre que conseguiu tudo o que queria. Nada de mais, apenas coisas simples. Pessoas para quem cozinhar, uma família na casa, um casamento no jardim.

A verdade é que, por algum motivo, você continua respirando depois das piores tragédias. E, quando menos espera, chegam as joaninhas. "Lots and lots of ladybugs".

E eu? Eu quero uma casa/apartamento onde possa receber vários amigos, como na casa de uma amiga onde fui hoje. Por enquanto o espaço me limita, mas em breve...

Um comentário:

Fê Iasi disse...

Só hoje te descobrí. Adorei o que lí até agora e tbm tenho o "sob o sol da toscana" como um dos melhores filmes que já assistí. Bom te conhecer viu menina? Bjo.