Histórias por e-mail
Acontece de vez em quando. Recebo alguma mensagem de e-mail, com uma história absolutamente impressionante e de veracidade duvidosa. Várias vezes descarto, algumas vezes procuro a fonte ou a veracidade das informações.
Certa vez, recebi um e-mail contando de como as desavenças (link para a história) entre Jose Carreras e Placido Domingo foram por água abaixo quando o primeiro teve leucemia e o segundo salvou-lhe a vida. O fato é que nunca houve inimizade entre os dois e, tampouco, ajuda financeira de Domingo quando Carreras esteve (de fato) enfermo. A Fundação Jose Carreras tem desmentido a história que continua pipocando pela internet.
Eis que hoje recebi um e-mail falando sobre como um músico famoso pôde tocar anonimamente um instrumento raríssimo (no caso, um violino Stradivarius, adquirido por US$ 3.5 milhões) no horário de rush, no metrô de Washington D.C. Suspeitei da história quando falou que bons assentos, para o concerto do dia anterior, custavam US$ 1000,00. Achei suspeito. Nem tanto o fato de ninguém parar para ouvir, nem a quantia de dinheiro que recebeu dos transeuntes (meros US$ 32,17 - sim, pessoas jogaram pennies, ou moedas de 1 centavo), mas pelo alto valor do concerto no dia anterior.
Também duvidei que um grande músico iria perder tempo numa experiência tão... bem... maluca.
Como estava com paciência (e um pouco de tempo), resolvi ir atrás. Como sempre, encontrei a história real.
Valor de boas cadeiras no concerto, que ocorreu três dias antes: US$ 100,00.
O resto, praticamente tudo estava correto.
A história é, de fato, até mais impressionante (a realidade, muitas vezes, supera a ficção).
Trata-se do violinista Joshua Bell, um músico de 40 anos que recusa ser chamado de gênio. A experiência/reportagem foi feita pelo Washington Post que, ao preparar para ela, cogitou a hipótes de chamar, caso necessário, a Guarda Nacional, para conter uma possível multidão, caso o músico fosse reconhecido.
Mas eis que 45 minutos passaram sem muito incidente e com, exatamente, uma pessoa reconhecendo-o.
Homens, mulheres, jovens, velhos, brancos, negros, asiáticos...todos passaram apressadamente pelas obras de mestres grandiosos sem, ao menos, olhar para o lado. Apenas as crianças tentavam assistir, ouvir a música, mas logo eram puxadas pelas mãos apressadas dos pais.
Aparentemente, uma criança de três (3!) anos deu mais trabalho que as outras.
Um homem, sem reconhecer o músico, reconheceu a qualidade da música e sentiu-se envergonhado por depositar apenas US$ 20,00 após ouvi-lo tocando por alguns momentos.
A experiência, realizada em 2007, foi filmada por uma câmera escondida e a reportagem encontra-se ainda no Washington Post.
Para quem não entende inglês, dá para encontrar versões em português procurando no Google pelo nome dele e metrô.
Vale a pena.
Um comentário:
Basta que se fale sobre qualquer assunto que você conheça, pra você ver o quão equivocadas são as notícias e os boatos que correm por email...
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